sábado, 27 de outubro de 2012

PROJETO DO MILHO




Colheita de milho (chiquinha)
Até hoje ainda me lembro
Era manhã de setembro
O sol com intenso brilho
Eu na frente abrindo as covas
Chiquinha, menina nova
Vinha atrás plantando o milho
O sol dava um bronzeado
No seu corpinho rosado
Lhe dando uma cor morena
Cada grão que ela plantava
Uma esperança brotava
Como brota uma açucena
A natureza não erra
E os grãos rachando a terra
E o broto nasceu robusto
Em cada braça do eito
Coração roçava o peito
Como o vento no arbusto
O milho cresceu depressa
Parecia uma promessa
Na minha boca granando
E no tempo de colheita
Chiquinha, menina feita
Era espiga se empalhando
Numa tarde de pamonha
Eu sem jeito, com vergonha
Já pressentia o perigo
Fui buscar no milharal
Mais milho para o curau
E Chiquinha foi comigo
Quebrando milho na chuva
Eu tropeçava nas curvas
Do seu corpinho molhado
Debaixo do pé de milho
Como espigas no atilho
Ficamos os dois atados
Passou o ano e desta feita
Vamos ter duas colheitas
O tempo foi bom pro milho
Enquanto crescem as espigas
Chiquinha cresce a barriga
Pra colhermos nosso filho


A LENDA DO MILHO
Há muitos anos havia uma grande tribo cujo chefe era um velho índio.
Era um índio muito bom e que estava sempre preocupado com a felicidade da sua tribo.
Um dia, sentindo-se muito cansado e doente, pressentindo que estava para morrer, chamou os seus filhos e disse-lhes que quando morresse o enterrasse no meio da oca. E disse-lhes mais:
-- Três dias depois de me enterrarem, surgirá de minha cova uma planta bem viçosa que depois de algum tempo produzirá muitas sementes. Quando virem a planta crescer e as lindas espigas aparecerem, não as comam, guardem-nas e plante-as.
Os dias se passaram, o velho índio morreu e os filhos fizeram-lhe tal qual o pai ordenara.
E como o velho índio dissera, surgiu de sua cova uma linda planta com belas espigas cheias de grãos dourados.
Os índios ficaram contentes, a tribo enriqueceu e passaram então a cultivar o milho com muito carinho. E assim surgiu o milho, diz a lenda.
A Lenda do Milho       
Escrito por Maria Luiza Freitas Guimarães    
Tema: Festa de São João - adaptação livre em verso


Há tempos que há muito se foram,
dois índios amigos viviam
em busca da caça e da pesca
e todos os seus bens repartiam.

Num dia houve extrema escassez,
a pesca e a caça sumiram,
rezaram ao Deus Nhandeyara
e um novo alimento pediram.

Então numa noite escura
em meio a um clarão prateado,
surgiu um valente guerreiro
por Nhandeyara enviado.

“Tereis vós o vosso alimento,
mas antes tereis que lutar
e aquele que for o mais forte
ao outro irá sepultar”.

Avaty, que era o mais fraco,
no embate foi derrotado
e, pelo seu fiel amigo,
seu corpo foi enterrado.

O pranto de dor do amigo
a cova de Avaty regou,
e um dia, em pleno inverno,
uma verde folhagem brotou.

E nela, espigas doiradas,
suculentos grãos escondiam,
cabelos de luz encarnada
que à luz do sol reluziam.

O nutritivo cereal
passou a ser cultivado
e, em homenagem ao Índio,
de Avaty foi chamado.

E aqui nesta noite tão bela
onde reina amor e união,
vem saborear Avaty
E celebrar o São João!


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